A intenção da primeira escrita depois de muito tempo era escrever sobre uma coisa boa que aconteceu na minha vida, mas pelo visto vou ter que escrever sobre uma coisa que me incomoda muito desde muito tempo e não muito boa: meu pai.
Começando do começo obviamente...
Desde minhas primeiras lembranças com ele lembro de todo o carinho possível que eu poderia receber de um ser humano com o papel de Pai nesse mundo, brincadeiras na rede na casa da minha Avó, tomávamos banho juntos quando eu era criança, deitávamo-nos juntos, carinhos, presentes, tudo que uma figura paterna poderia me proporcionar.
Até que... tudo começou.
Quando fiz 15 anos de idade, ele já não suportava alguns gostos meus quando estava na fase da adolescência, gostava de fazer luzes no cabelo, ou apenas ter os meus cabelos mais claros, mas quando fazia isso era recriminado e repudiado de uma maneira muito cruel, fazendo ameaças de que se não voltasse meu cabelo da cor natural não me ajudaria e não me daria mais nada, então sempre vivi nessa discordância comigo mesmo para tentar agrada-lo porque até então ou até hoje não sei o amava de uma forma incondicional.
Tudo começou a ficar pior quando ele comprou a primeira câmera fotográfica da família, justamente na época em que comecei a conhecer as boates e diversões do mundo Gay. Em um final de semana fui pra festa em uma Boate, levei a câmera que naquela época 2005/2006 era a maior sensação pra registrar momentos de descontração, diversão, enfim, tudo que era bom era pra ser registrado, e justamente nessa diversão tirei foto BEIJANDO UM CARA. Quando fui pra aula no início da semana chego em casa e vejo minha mãe com os olhos esbugalhados dizendo para eu entrar pro meu quarto. Havia deixado a câmera em cima do sofá, e foi lá que meu pai sentou e viu todas as minhas fotos da Balada do final de semana.
A situação foi ficando tão difícil, insuportável, cheio de privações, preconceito, brigas, desentendimentos, coisas que foram ficando fora do controle que minha alternativa foi sair de casa, em uma busca incessante pelo mundo, por amor, por carinho, aceitação pra suprir essa falta que até hoje no meu íntimo me faz falta. Passei por tantas situações que poderiam ter sido evitadas, tantos relacionamentos frustrados e tóxicos que me feriu de uma tal maneira que algumas cicatrizes estão abertas até hoje. Fui procurando em cada relacionamento aquele afeto que me faltava, aquela dependência emocional extrema de querer amor a todo o custo, e de que todas as pessoas me pertenciam e que tinham que viver exclusivamente em minha função.
Um fato importante foi quando nessas idas e vindas que eu fazia, passei por um grave PROBLEMA DE SAUDE, onde ele descobriu e chorou bastante, dizendo que me AMAVA muito, tantos e tantos anos depois esperar uma coisa terrível pra ouvir apenas o que queria escutar sempre de forma espontânea. Me acendeu aquela chama de que se não fosse na saúde na doença pelo menos as coisas se resolveriam, mas durou apenas o suficiente até ele saber que eu não iria MORRER, estaca zero novamente.Quando visitava meus pais no final de semana e íamos na fazenda para passar momentos de lazer e alegria, era só desentendimento e principalmente humilhações na frente de parentes da parte dele. Tem coisas que ele fez que me machucaram muito e a outras pessoas também, principalmente minha Mãe que não me cabe aqui expor. Apenas gostaria que essas partes fossem arrancadas da minha mente, mas por outro lado eu só vi que o que as pessoas nos julgam e criticam tanto, são na verdade o próprio reflexo delas no espelho.
Então decidi não me importar mais, não me redimir mais, não buscar o perdão que nunca chegará tanto da minha parte quando da dele. Parei de implorar pela sua atenção de vez por todas...Mas sinto que no fundo ainda não estou bem resolvido com essa situação. Estou com 32 anos e minha vida parece que ainda gira em torno dessa pendência emocional. Creio que irei procurar TERAPIA como uma alternativa para resolver as coisas da melhor maneira possível!
"O homem de lata não sabia o quanto era sortudo por não ter CORAÇÃO."
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